OFLUXO Feature
Text Ofluxo: A grande maioria das pessoas que se apresentam como ilustradores geralmente não têm muita noção do que estão a falar. Quando digo “a grande maioria das pessoas” não me estou a referir propriamente a gerações mais velhas, onde a ilustração tinha outro significado, mas sim à geração actual que atribui o mesmo significado à ilustração e não é capaz de avançar a nível conceptual. Os verdadeiros ilustradores são demasiado tímidos para rotular o seu trabalho de “ilustração” ou de “pintura”, até porque por vezes nem sequer tem nada a ver com isso e normalmente não permitem que o seu trabalho atinja proporções demasiado sérias nesse aspecto. Os bem sucedidos geralmente fazem parte da “grande maioria das pessoas”, pois são esses que ilustram artigos de jornal com caricaturas estilizadas, ou estabelecem uma colaboração com uma grande marca de t-shirts qualquer, mas esses “ilustradores” acabam por transformar um sucesso em um autêntico fracasso alimentado apenas por algumas extravagâncias, que acabam por morrer com o tempo e muitas vezes, nem sequer o sucesso conseguem alcançar. Hoje em dia para ser um verdadeiro ilustrador/artista é necessário ter uma forte auto-afirmação que consiga fazer sobressaltar o trabalho do panorama habitual. Neste caso, Martin Cole é um grande exemplo! Cole apresenta uma quantidade bem generosa de confiança sobre o seu trabalho, apresentando maximalismo kitsch e sátira consumista em doses abundantes. É de Londres mas é em Berlim que reside actualmente, (não fosse esta a grande capital de vanguardas gráficas). Começou por se formar em design gráfico na universidade de Kingston mas rapidamente optou por se transferir para um curso de ilustração. Desta forma é bastante perceptível a grande combinação de nitidez e composição gráfica com a inspiração e a liberdade da ilustração. Cole desde que terminou a sua formação, exibiu os seus trabalhos em inúmeras galerias mundiais, como em Londres, Nova Iorque, Paris, Berlim. A sua obra é aquilo que podemos caracterizar essencialmente por arte gráfica e vem contestar alguns dos princípios que infelizmente, “a grande maioria das pessoas”, tem medo de se libertar.